quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Algumas explicações

Dia 20 de Novembro de 2010. Antes de continuar a ler esses contos diários, você precisa saber de algumas coisas:
- Nem sempre é o vento que fecha sua porta, ou que faz barulhos em sua janela;
Os olhos não conseguem ver tudo, é necessário uma visão a mais, a qual chamamos de visão (rsrs), ao contrário de filmes e historinhas e estorinhas que são contadas por ai, é uma forma de parecer um pouco mais normal.
Para poder ter essa visão que citei, você tem que morrer, mas não morrer de qualquer forma e também não morrer pra sempre, é necessário que você se sacrifique para salvar alguém. Mas apenas o sacrifício não basta, o sacrifício tem que ser aceito plenamente pela outra pessoa, o que é muito difícil. Até hoje conheci apenas uma pessoa que chegou a isso, é o meu melhor amigo. Quando um sacrifício desses é concretizado, para que a pessoa consiga voltar (tem que ter mais sorte do que juízo), um bebê de no máximo 4 meses 2 semanas e 1 hora tem que ter morrido a pouco tempo, no tempo em que os médicos ainda tentam traze-lo de volta. É a forma mais difícil de chegar onde eu cheguei.
Minha história foi diferente, incomodo minha mãe desde antes de nascer, não por minha culpa, minha família nunca foi um exemplo de boas relações, meus pais brigavam muito e algumas vezes partiam pra violência física, isso prejudicou e muito a gravidez, no parto minha mãe sofreu de eclampsia (link explicativo guiadobebe), não que tenha sido só isso, mas o fato ajudou a chegar em tal estágio.
Em 1989 os estudos sobre a mesma ainda não eram tão abrangentes, e as formas de se tratar tal situação eram precárias, a ideia que se tinha e que foi passada posteriormente, era que normalmente um dos dois não sobreviveria e que em muitos casos morrem os dois. Vou resumir daqui pra frente. Minha mãe apagou, e ela não podia ter feito isso, não pode evitar devido as complicações, eu fui o primeiro a saber, segundos depois eu não sentia meu coração batendo e já não ouvia as vozes. A última coisa que lembro, minha mãe chorando enquanto me abraçava: – "eu tentei meu filho, não fui forte o suficiente".
Eu estava morto e ela também, mas não queria estar, queria estar com ela, queria ver a luz do dia com meus próprios olhos, queria comer, eu estava faminto.
Acordei por volta de três anos depois, que é o ponto onde a minha memória me permite lembranças. Ninguém soube explicar o que aconteceu, como nós estamos vivos hoje?, e eu ainda menos, pois em um segundo eu estava morrendo, estava morto e depois acordo em uma cama, já com cabelo e gordinho.
Talvez tenha sido algum sacrifício. Não tenho como saber, os mais antigos e experientes contam que, quando o bebê consegue manifestar seu desejo ele é capaz de salvar duas vidas no parto, e dizem que foi isso que aconteceu. Gosto mais dessa última.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

De sua opinião sobre o post acima